MICROSTRATEGY E O FETICHE FIDUCIÁRIO
Uma Crítica Cypherpunk ao "Bitcoin corporativo".
Apoio: EDUCAÇÃO REAL
Por Jeff.
A cada novo ciclo do Bitcoin, o mercado tenta encontrar uma narrativa que justifique o crescimento inevitável de um ativo imbatível. Entre 2020 e 2021, foi a vez da "adoção institucional". Nessa era, um nome se destacou como o arauto dessa suposta nova fase de maturidade monetária: MicroStrategy. Sob a liderança de Michael Saylor, a empresa de business intelligence passou a comprar grandes quantidades de Bitcoin e promoveu o evento "Bitcoin for Corporations" como uma cartilha para a entrada corporativa no ecossistema. Mas até que ponto esse playbook representa realmente os valores fundamentais do Bitcoin? E mais: é um modelo que deveríamos exportar ao mundo?
Vamos analisar alguns pontos:
1. MicroStrategy não aceita Bitcoin como forma de pagamento
Até o momento, não há evidências públicas de que a MicroStrategy aceite pagamentos em Bitcoin por seus produtos ou serviços. Embora a empresa tenha se consolidado como uma das maiores detentoras institucionais de BTC, seu modelo de negócios não reflete a circularidade monetária que o Bitcoin propõe. A ausência dessa integração básica revela que a adoção por parte da MicroStrategy permanece restrita ao balanço patrimonial, e não à prática cotidiana.
Essa postura enfraquece a ideia de que o Bitcoin é um sistema monetário funcional. Recusar sua utilização como meio de pagamento, mesmo sendo seu maior promotor corporativo, perpetua a ideia de que o ativo deve ser apenas armazenado — e não utilizado como dinheiro.
2. MicroStrategy não custodia suas próprias chaves
Outro ponto sensível é a custódia. Relatórios financeiros oficiais enviados à SEC, como o formulário 10-K da própria empresa, deixam claro que a empresa utiliza terceiros custodiantes para armazenar seus Bitcoins. Em uma matéria publicada pela CoinDesk em dezembro de 2020, foi revelado que a MicroStrategy firmou um acordo com a Coinbase Custody para proteger seu acervo de mais de $400 milhões em BTC na época. O próprio Michael Saylor já afirmou publicamente em eventos como o "Bitcoin for Corporations" que a empresa trabalha com "custodiantes com padrão institucional" para garantir a segurança dos ativos. Assim, é fato que a MicroStrategy utiliza custodiantes externos para armazenar seus Bitcoins, uma decisão que prioriza segurança institucional mas colide frontalmente com o princípio de soberania que o Bitcoin oferece.

Em uma rede criada para eliminar intermediários, a concentração de custódia terceirizada representa uma ameaça estrutural ao modelo adotado por Saylor e outros institucionais — não apenas econômica, mas existencial. Hoje, estima-se que a Coinbase detenha sob sua custódia cerca de 2,5 milhões de BTC, segundo dados de análises on-chain. Essa quantidade representa mais de 10% da oferta máxima do Bitcoin, e se deve, em grande parte, às estratégias de aquisição de empresas como MicroStrategy (MSTR) e BlackRock (IBIT).
Essa concentração cria um ponto único de vulnerabilidade. A narrativa de “institucionalização do Bitcoin” é vendida como amadurecimento do mercado, mas o que está sendo construído, na prática, é uma estrutura que remete à velha arquitetura bancária: poucos players com muito controle e alta exposição à coerção estatal.
Se — ou quando — uma ordem legal for emitida exigindo que a Coinbase entregue esses ativos ao governo dos Estados Unidos, o que estará em jogo não será apenas o saldo de algumas carteiras frias. Estará em jogo o mito da neutralidade institucional, a confiança na infraestrutura de custódia centralizada e, sobretudo, a ilusão de que é possível ser soberano terceirizando a soberania.
Essa possibilidade não é paranoia. É previsão baseada em precedentes históricos. O confisco do ouro em 1933 pelos EUA (Executive Order 6102) é apenas um exemplo entre muitos. Hoje, com a custódia centralizada em entidades reguladas, basta uma assinatura para sequestrar milhões de bitcoins.
Em vez de descentralizar o poder, estamos voltando a acumulá-lo — com nova embalagem e mesmo destino.
3. MicroStrategy não demonstra prova de reservas
Apesar de divulgar regularmente o número de Bitcoins que possui, a empresa não adota mecanismos nativos de transparência como a prova de reservas criptográfica. Em outras palavras, não há assinaturas digitais que permitam a qualquer usuário da rede verificar, de forma independente, a posse dos satoshis declarados.
Confiar unicamente em relatórios financeiros auditados por firmas tradicionais é repetir o paradigma bancário que o Bitcoin busca superar. O protocolo oferece ferramentas próprias para auditoria pública, simples e diretas — basta divulgar os endereços on-chain ou assinar mensagens com as chaves privadas correspondentes.
A recusa em adotar essa transparência radical sugere um desconforto com a verificabilidade — e mina a confiança que deveria ser inerente à rede.
O Playbook Corporativo: Uma Fantasia Fiat?
O evento "Bitcoin for Corporations" foi promovido como um guia prático para corporações adotarem o Bitcoin. Mas, à luz das práticas da própria MicroStrategy, o que se vê é um manual de especulação contábil, e não de integração soberana à rede.
Não há incentivo à rodagem de nodes, ao incentivo de pagamentos em Lightning, ou ao fortalecimento da cultura cypherpunk nas corporações. Há, sim, uma idolatria ao NGU (número subindo) e ao balanço trimestral.
Esse modelo não é replicável por pequenas e médias empresas. Não ensina como operar com soberania. Ensina como terceirizar, como centralizar, como transformar o Bitcoin em mais um ativo de prateleira — e nada mais.
Entre o Sinal e o Ruído
A atuação da MicroStrategy é um sinal evidente para o mercado financeiro tradicional, uma demonstração clara de que o Bitcoin alcançou relevância suficiente para ser considerado um ativo legítimo em balanços corporativos. Contudo, para aqueles que compreendem e valorizam os princípios originais do Bitcoin, essa adoção institucional representa muito mais ruído do que sinal.
A verdadeira essência do Bitcoin reside na descentralização, na resistência à censura e na soberania financeira individual. Esses valores fundamentais não podem ser plenamente capturados por estratégias corporativas centralizadas e práticas institucionais tradicionais, que inevitavelmente diluem suas características cypherpunk.
Portanto, o modelo ideal não está nas conferências de negócios ou nas estratégias corporativas de custódia terceirizada, mas sim na adoção autêntica e cotidiana por indivíduos, empresas e comunidades que utilizam, validam e fortalecem a rede diretamente. São essas ações individuais, simples e distribuídas que constituem a verdadeira revolução monetária do Bitcoin.
Esse é o playbook real que precisamos exportar ao mundo: não o da corporatização vazia, mas o da soberania individual plena.
🌟 A SOBERANIA COMEÇOU — FAÇA PARTE AGORA!
Chegou a Real Academy, a plataforma da Educação Real para quem busca liberdade, inteligência financeira e soberania pessoal. ⚔️🛡️
💥 7 DIAS GRÁTIS para testar sem compromisso! Aproveite conhecimento e poder na palma da mão.
🔑 CUPOM DE DESCONTO (20%): REAL20
Clique agora e ative seus 7 dias grátis! 👇
Leia também: TODOS OS SEUS MODELOS ESTÃO QUEBRADOS.
Isso mostra bem um principio que, desde que comecei no bitcoin, percebo. Sempre que tem muitos holofotes ao redor de alguém ou alguma empresa, ela não está fazendo o que nós esperamos que esteja. Isso gera especulação e tira o foco do que realmente importa, soberania e liberdade.
O pessoal da MS não entendeu o que é o BTC.
E quem torcer o nariz para essa assertiva também não entendeu.