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"Não posso prever quando ele vai estourar. Espero que estoure, mas não posso prever. Espero que estoure porque, se não estourar, teremos que recomeçar do zero com a teoria monetária. Ela terá desaparecido. Talvez já tenha desaparecido, mas teríamos que começar do zero." Eugene Fama sobre o Bitcoin.
O erro do apelo a autoridade
Por Jeff.
Recentemente, o ganhador do Prêmio Nobel de Economia, Eugene Fama, amplamente conhecido por suas contribuições à Hipótese dos Mercados Eficientes (HME) — que propõe que todos os ativos são imediatamente precificados conforme as informações disponíveis —, disparou várias críticas ao Bitcoin. Entretanto, ao atacar o Bitcoin, sustentando que a criptomoeda não tem respaldo governamental, não exibe utilidade concreta e, portanto, estaria “fadada ao fracasso”, sua posição revela-se superficial, até mesmo falaciosa e contraditória em relação à sua própria obra.
A ganhador do Nobel ignora que a força do Bitcoin reside justamente em sua independência de autoridades centrais, na soberania individual que confere aos usuários e em sua capacidade de resistir a pressões regulatórias. É uma inovação que deflagrou discussões sobre a descoberta da escassez digital e a própria essência do dinheiro: o que faz com que uma moeda seja legitimada na prática, se não a confiança e a utilidade que o mercado lhe atribui? Ainda que Fama tenha obtido reconhecimento acadêmico, suas críticas ao Bitcoin tropeçam em diversos pontos – da teoria monetária mais fundamental até a revolução tecnológica encampada pelos cypherpunks.
Crítica 1:
“Bitcoin não tem valor intrínseco”
Um dos maiores equívocos propagados por Fama, e por muitos críticos do Bitcoin, é que a criptomoeda “não possui valor intrínseco” ou “lastro”. O discurso sugere que apenas ativos endossados por governos ou que tenham aplicação industrial, tal como o ouro, são dignos de serem usados como moeda. O problema é que o conceito de “valor intrínseco” não existe na tradição que compreende a natureza subjetiva dos preços. Nem ouro, nem moedas fiduciárias, nem mesmo ações de empresas possuem “valor intrínseco”: o valor é subjetivo, refletindo a avaliação que cada agente econômico faz de um bem ou ativo.
Carl Menger, precursor da Escola Austríaca de Economia, mostrou que bens podem tornar-se meios de troca dominantes se apresentarem determinadas qualidades: ampla aceitação, facilidade de transporte, divisibilidade e oferta relativamente estável. Já Ludwig von Mises explicou que o valor monetário emerge historicamente de uma utilidade subjacente – sem depender de coerção estatal. Por esse prisma, o Bitcoin não carece de “valor real”, mas sim de um reconhecimento social que surge de suas propriedades únicas (eliminação do gasto duplo digital, descentralização, oferta limitada, resistência à censura e possibilidade de transações globais sem riscos de contraparte). Quando Fama alega que o Bitcoin “não é nada” sem chancela governamental, simplesmente ignora a possibilidade de a sociedade atribuir valor a uma forma de dinheiro que não passe pelo crivo de bancos centrais.
Crítica 2:
“Bitcoin é especulativo e extremamente volátil”
Fama classifica o Bitcoin como um ativo puramente especulativo, com oscilações tão intensas que inviabilizariam seu uso como moeda. Curiosamente, tal crítica repete o que se ouve desde 2011, quando o Bitcoin ainda valia centavos, e mesmo assim, a cada ciclo de mercado, vê-se um crescimento no número de usuários e na adoção institucional – incluindo grandes fundos de investimento e a aprovação de ETFs em diversos países. Oscilação de preço em mercados emergentes não é sinônimo de futilidade ou jogo de azar. Aliás, todas as inovações tecnológicas de larga escala passaram por fases de volatilidade e incerteza no início – basta lembrar das ações de empresas de internet no fim dos anos 1990.
No caso do Bitcoin, essa volatilidade não decorre apenas de especulação, mas do fato de que ele opera em um mercado 24/7 por todo o planeta, sem Circuit breaks, sem limites fronteiriços e sem um banco central manipulando/fraudando a oferta arbitrariamente. A cada novo grande acontecimento (seja positivo, como uma adoção oficial, seja negativo, como uma proibição), o preço responde em tempo real, implicando nas oscilações.
No entanto, essa dinâmica de “sobe e desce” não impediu a consolidação de uma comunidade fiel de usuários, tampouco a construção de uma infraestrutura de pagamentos mais ágil (exemplificada pela Lightning Network e a Sidechain Liquid). Ou seja, se para Fama a volatilidade é um “atestado de inutilidade”, para milhares de hodlers é apenas um estágio rumo à maturidade. É como dizem “o caos é uma escada”.
Crítica 3:
“O Bitcoin não tem utilidade”
Ao ignorar a importância das transações ponto a ponto (peer-to-peer) e o desejo de fugir de um sistema bancário centralizado, Fama mostra um descolamento da realidade vivida em muitos países. Em nações acometidas por hiperinflação, restrições cambiais ou intervenção governamental arbitrária, o Bitcoin fornece aos cidadãos uma válvula de escape. Alguns exemplos:
Chipre: Durante a crise de 2013, o governo cipriota impôs controles de capital e bloqueios parciais nos depósitos bancários. Muitos cidadãos recorreram ao Bitcoin para proteger suas finanças e transferir seu patrimônio internacionalmente, evitando confisco do governo. Essa foi a primeira vez que o Bitcoin foi usado como ferramenta de proteção a violência estatal.
Argentina e Venezuela: A moeda local sofre inflação galopante, enquanto o Estado impõe severos controles de câmbio. Bitcoin surge como uma forma de proteção patrimonial e de acesso a mercados internacionais.
Canadá: Em meio aos protestos dos caminhoneiros no Canadá em 2022, as autoridades locais bloquearam contas bancárias de manifestantes e apoiadores. Nesse contexto, o Bitcoin emergiu como uma alternativa para contornar as restrições financeiras, já que as doações em criptomoedas não podiam ser facilmente congeladas ou bloqueadas.
Nigéria: O governo tenta restringir o uso de criptomoedas, mas a população permanece recorrendo ao Bitcoin para recebimentos de remessas e negócios digitais.
Ucrânia e Rússia: Durante conflitos e sanções, muitas pessoas recorreram a moeda laranja para contornar bloqueios ou proteger-se de instabilidades bancárias.
Nesse contexto, dizer que “o Bitcoin não tem utilidade real” ignora fatos concretos. O Bitcoin se mostra útil justamente onde as tradições monetárias e as teorias que Fama abraça não oferecem soluções ou se mostram coniventes com controles centralizados. É aí que a inovação descentralizada toma força: sua utilidade se manifesta no momento em que o indivíduo precisa de liberdade financeira e não pode contar com instituições que correm risco de confisco ou falência.
Crítica 4:
“A timechain não resolve problema algum”.
Há quem diga, como Fama, que o Bitcoin não resolve nada que o sistema bancário tradicional já não faça. Esse comentário ignora um ponto essencial da filosofia cypherpunk: liberdade e privacidade. Os bancos podem movimentar quantias, mas estão sujeitos a controles, bloqueios e vigilância de autoridades estatais. O Bitcoin, por ser descentralizado e pairar sobre uma rede distribuída, dá ao indivíduo a possibilidade de possuir seu próprio “banco” – a carteira com chaves privadas. Você não precisa pedir permissão para enviar valor a alguém do outro lado do mundo. Não há “dia útil” ou feriado bancário para interromper a transação. Não existe gerente de conta para exigir justificativas. É a soberania financeira em sua forma mais pura.
Críticas sobre o consumo energético do Bitcoin surgem aos montes, mas Fama reforça o coro sem entrar em detalhes sobre por que esse consumo existe. A rede Bitcoin usa “proof of work” para assegurar que uma quantidade significativa de poder computacional seja empregada na mineração. Isso dificulta qualquer tentativa de ataque ou falsificação, pois o custo de subverter a rede seria astronômico. O gasto de energia, portanto, é uma barreira de segurança, e não um simples “desperdício” como muitos pregam.
Além disso, a mineração vem adotando fontes renováveis em ritmo acelerado. Em várias localidades, a atividade aproveita excedentes de produção hidrelétrica ou eólica que, de outro modo, seriam desperdiçados por falta de infraestrutura para exportar aquela energia. Ou seja, o Bitcoin pode atuar, em certos casos, como um “consumidor de último recurso”, monetizando energia ociosa. Se há um ponto a se discutir sobre eficiência energética, isso não desfaz o fato de que o mecanismo de consenso é o alicerce que mantém o Bitcoin resistente a interferências e manipulação. Tratar o consumo como algo puramente negativo revela incompreensão sobre segurança distribuída.
Crítica 5:
“O Bitcoin desaparecerá até 2035”.
A retórica do “Bitcoin vai a zero” e o fracasso empírico das previsões é uma das falas mais repetidas pelos detratores do protocolo de Nakamoto. Desde pelo menos 2013 ou 2014 há artigos de analistas e economistas anunciando o fim iminente do ativo. No entanto, ao longo de mais de uma década, o Bitcoin persistiu. A cada grande crise, ele renasce com maior capitalização e maior interesse público, atraindo até mesmo empresas tradicionais de serviços financeiros, como a BlackRock. Previsões de catástrofe continuam se acumulando e, sistematicamente, falhando.
O mais intrigante é ver um economista do porte de Fama cair nessa retórica simplista do “ponto final em 10 anos”. Se sua abordagem fosse alinhada aos conceitos de mercado eficiente, o comportamento histórico do Bitcoin seria analisado com cautela, sem profecias infundadas ou baseadas apenas em preconceitos teóricos. A realidade é que o Bitcoin escapou de todos os prognósticos apocalípticos. Esse fato empírico pesa muito mais do que os discursos de que a criação de Satoshi não sobreviveria sequer ao passar dos primeiros anos.
Cypherpunks e a defesa da soberania financeira
Enquanto Fama e outros defensores da ortodoxia/conluio monetário insistem em um modelo fixo, em que a legitimidade da moeda decorre, necessariamente, de um endosso estatal, os cypherpunks defendem a soberania individual e a privacidade financeira por meio da criptografia. Para eles, o Bitcoin é a resposta tecnológica para a erosão das liberdades civis no terreno financeiro. Em vez de depender de leis e sistemas controlados por governos ou corporações, o usuário do Bitcoin controla diretamente suas chaves privadas “carteiras”. Assim, nenhuma entidade central pode restringir suas transações ou confiscar seus fundos.
Essa transformação contraria a lógica de autoridade que regeu o dinheiro por séculos. Ela representa a autonomia do indivíduo frente às estruturas de poder. Quando Fama desdenha do potencial do Bitcoin, ignora a dimensão política e filosófica que sustenta a rede Bitcoin. É um movimento que nasceu do ideal de “Don’t trust, verify” – não confiar cegamente em terceiros, mas sim verificar matematicamente a segurança e a emissão do dinheiro. Nessa perspectiva, os argumentos do economista soam anacrônicos: mas ele mantém a crença em formatos de moedas que o Estado controla e manipula, como se não houvesse demanda por alternativas livres, globais e imutáveis.
As falácias de Fama e o verdadeiro legado do Bitcoin
O brilho de um Prêmio Nobel não transforma em verdade as afirmações falaciosas de Eugene Fama. Sua visão de que o Bitcoin seria desprovido de utilidade ou predestinado ao colapso ignora tanto aspectos básicos da teoria monetária (valor subjetivo, adoção em fases) quanto as inovações que fazem do Bitcoin a singularidade monetária que continua aumentando sua densidade.
Na óptica austríaca, não é preciso um endosso governamental para que algo seja aceito como moeda. Já no espírito cypherpunk, a busca é pela soberania individual e pela privacidade garantida pela criptografia, prioridades que o sistema bancário tradicional não contempla. O Bitcoin abraça esses dois fundamentos: a subjetividade do valor e a necessidade de liberdade transacional. Não há decreto estatal ou discurso de economista que possa esmagar um protocolo distribuído, sustentado pela convicção de milhões de usuários em todos os continentes em um mundo regido por regras sem regradores.
Enquanto Fama e outros críticos bradam contra o Bitcoin, a rede segue funcionando sem interrupções, negociada em qualquer hora e lugar, protegida por milhares de nós e por aqueles que tem a custódia de suas chaves privadas. Essa teimosia de existir e prosperar, mesmo sob críticas intensas, talvez seja o traço mais marcante do Bitcoin – e o principal sinal de que as previsões catastrofistas, ao invés de acertar, apenas reforçam a resiliência dessa forma de dinheiro que não pede permissão a ninguém para continuar crescendo.
"Não posso prever quando o castelo de cartas fiduciário vai ruir. Espero que colapse, mas não posso prever. Espero que colapse porque, se não colapsar, teremos que reaprender do zero o que é dinheiro de verdade. A ilusão estatal terá consumido tudo. Talvez já tenha consumido, mas teríamos que reconstruir do zero. Obrigado Satoshi Nakamoto.” Jeff
Como os cypherpunks costumam dizer: “O código não pede permissão para existir”. Essa frase sintetiza a essência de uma nova era, que começou em 3 de janeiro de 2009. A partir desse momento, um novo padrão monetário começou a ser construído bloco a bloco, marcando um ponto de inflexão na história e escancarando uma verdade inequívoca para o ganhador do Nobel: todos os seus modelos estão quebrados, e nem mesmo as previsões dos mais renomados economistas podem conter os bits e bytes que circulam livremente no ciberespaço. E sobre Eugene Fama, só tenho uma coisa a dizer: o Bitcoin não se importa. Mercado Eficiente é construído com prova de trabalho, sem tempo, irmão!
Leia também: O mais importante documento da nossa era “BITCOIN WHITE PAPER.”